Embolização de varizes pélvicas

A Síndrome de Congestão Pélvica é uma causa frequente de dor pélvica crônica decorrente da dilatação das veias de drenagem dos ovários e pelve e acomente mulheres de 20 a 50 anos. As veias varicosas podem estar presentes na vulva, nádegas e coxas. As principais causas são múltiplas gestações, compressões venosas da veia renal esquerda pela artéria mesentérica superior (Síndrome Nutcraker ou Síndrome de Quebra-Nozes).

Os sintomas de varizes pélvicas são:

  • Sensação de peso e desconforto abdominal em baixo ventre com piora no período menstrual
  • Dores crônicas abdominais, sobretudo, em baixo ventre
  • Aumento do fluxo menstrual e cólicas
  • Desconforto durante ou após relação sexual (Dispareunia)
  • Dor pélvica geralmente no final do dia e longos períodos de pé

Angiotomografia abdome demonstrando dilatação da veia ovariana esquerda (seta amarela).

Flebografia da veia gonadal esquerda antes do tratamento demonstrando a dilatação da veia e as varizes pélvicas

O diagnóstico na maioria das vezes é feito após exclusão de outras causas de dor pélvica, como endometriose, mioma uterino, adenomiose, massas ovarianas, compressão nervosa em coluna lombar e neoplasia. Exames de imagem são necessários na elucidação do diagnóstico como ultrassonografia transvaginal com Doppler para avaliação de varizes localizadas em torno no útero e ovários e o fluxo dessas veias em direção a pelve quando a paciente realizado a manobra de aumento da pressão abdominal (manobra de Valsalva).

A ressonância magnética é um exame com alta sensibilidade e especificidade na detecção de veias ovarianas e varizes associados, bem como excluir causas comuns de dor pélvica crônica como miomas, endometriose, adenomiose, neoplasia, massas ovarianas e compressões nervosas na coluna lombar.

A embolização é um tratamento alternativo ao procedimento cirúrgico aberto.  A embolização é uma forma de tratamento simples, eficiente, segura e sem necessidade de internação com eficácia entre 58 e 78%.

O objetivo da embolização é eliminar a carga de pressão no interior das veias que drenam os ovários e a pelve.

Através de um cateterismo por uma punção de uma veia na virilha ou no braço, o cateter é posicionado na veia ovarina doente e realizado a embolização (oclusão) mediante a injeção de dispositivos metálicos (molas) ou substância esclerosantes.

Flebografia final demonstrando a embolização (oclusão) com molas da veia gonadal e das varizes pélvicas (seta amarela).

Hemorragia pós-parto

A hemorragia pós-parto é uma emergência obstétrica definida como a perda de volume sanguíneo maior que 500 ml nas primeiras 24 horas que sucedem o parto.  As principais causas são atonia, placenta prévia, acretismo placentário, coagulopatias, gestações múltiplas e multiparidade. A evolução da hemorragia pós-parto é o choque hipovolêmico, coagulação intravascular disseminada (CIVD) e óbito materno.

A embolização uterina é alternativa para controle do sangramento sem a necessidade de histerectomia (retirada do útero). O procedimento é realizado através da punção de uma artéria periférica (na virilha), navega-se com um cateter até a artéria nutridora do útero e injeta algum agente capaz de controlar o sangramento que pode ser pequenas partículas (semelhante ao tamanho de grãos de areia), molas ou cola para controle do sangramento.

A embolização arterial transcateter é considerada segura e efetiva no tratamento da hemorragia pós-parto, e a paciente pode aguardar o retorno dos ciclos menstruais mensais sem repercussões significantes na fertilidade dois a cinco meses após o procedimento.

Acretismo placentário

placenta acreta (acretismo placentário) é uma condição em que a formação da placenta ultrapassa os limites esperados dentro do útero, fixando-se profundamente na parede uterina. Em casos mais graves, pode ultrapassar os limites do útero e atingir órgãos como intestino e bexiga.

O grande problema da placenta acreta é o desconhecimento de sua existência antes do parto, pois há riscos de hemorragia. A maioria das gestantes não apresenta sinais desse quadro, por isso é muito importante que se faça corretamente o pré-natal.

O diagnóstico é feito por ultrassonografia com Doppler ou por ressonância magnética, que constitui o padrão ouro.

As causas são placenta prévia (condição em que a placenta se fixa muito abaixo do local esperado no útero), pré-existência de cicatrizes no útero (múltiplas cesarianas), idade avançada, cirurgias uterinas ou curetagens (raspagem do útero após um aborto) e tabagismo.

Arteriografia inicial demonstrando as artérias ilíacas internas (setas vermelhas) antes da oclusão com balão.

Arteriografia final, teste de oclusão, com os balões insuflados (setas vermelhas) antes da cesariana.

O ideal é a realização da cesárea a partir do momento de maturidade pulmonar do bebê, entre 36 e 37 semanas.

O radiologista intervencionista, imediatamente antes do parto, realiza o posicionamento de dois balões nas artérias que vão nutrir a pelve (artérias ilíacas internas direita e esquerda).

Após o parto, os balões são insuflados para controle do sangramento, enquanto o obstetra faz revisão da hemostasia e analisa a possibilidade de histerectomia (retirada do útero).

A radiologia intervencionista está bem indicada em situações obstétricas com potencial de sangramento no parto ou puerpério imediato, a fim de reduzir complicações maternas e fetais.

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